Rita Benneditto | Tecnomacumba na CASA NATURA MUSICAL
O ano de 2003 representa um marco na vida de Rita Benneditto. Na ocasião, a cantora maranhense estreava um show no qual jogava luz sobre aspectos da nossa ancestralidade – e que muito dizem da nossa identidade enquanto cultura e nação. O show era o Tecnomacumba e o nome não poderia ser mais apropriado. No repertório, pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas mesclados a temas da MPB, de autores como Gilberto Gil e Jorge Ben, em que entidades-símbolos da nossa fé são louvados e evocados. Tudo isso apresentado com arranjos modernos, em roupagem eletrônica, que saía então dos clubes e ganhava de vez as pistas mundo afora.
Com o show, Rita provou que o elo que une nossa música à eletrônica tem como alicerce o bater dos tambores, cujos ecos reverberam para além dos terreiros, passando pelas patuscadas e rodas de samba (de roda) que animam os fundos de quintal de aqui, no Recôncavo ou nos rincões do Brasil. Acontece que um show é também um organismo vivo. E pulsa. Ao longo desse tempo, Tecnomacumba não se manteve estático. Não em se tratando de Rita Benneditto. O show amadureceu – assim como sua intérprete – e possibilitou a ela experimentar, ousar e, por que não, reinventar-se.
A longevidade desse bem-sucedido projeto pode ser explicada a partir da junção de alguns fatores cruciais. Um deles é a sua contemporaneidade. O projeto não só disse como diz ainda muito sobre um país que não pode ser perdido, apagado. Ainda mais (e sobretudo) no Brasil de agora.